terça-feira, 22 de julho de 2014

Monte de merda


Desculpem o off topic, mas há muito monte de merda por aí, a começar por um ministro da educação que tinha idade para ter juízo... Ou pelo menos, para mostrar coerência nas suas palavras e ações. Mas infelizmente, são poucos os que dizem uma coisa, e logo que chegam ao governo, fazem outra.

Já agora, e independentemente de partidos, há também muito monte de merda nos dois principais partidos. Uns porque agora estão contra, quando antes estavam a favor. E os que lá estão agora, acérrimos defensores de uma prova (aka testes psicotécnicos) que não serve para nada mais que mandar mais uns profs para a rua, quando antes eram acerrimamente contra ela. 

Conto aqui um pequeno episódio quando há uns anos atrás, quando me envolvi na luta contra a prova de "acesso" (porque de acesso não tem nada, já que ninguém entra na carreira se tirar "positiva" ou mesmo 20). Quando juntei 12000 assinaturas numa petição e fui ao parlamento apresentá-la, o mesmo grupo de deputados "professores" do PSD que agora aponta o dedo aos professores, e fala de dignidade e coisas que tal, e que defende a "qualidade" que esta "prova" vem dar, foram os mesmos que me garantiram em mão e olhos nos olhos que eram contra e que iriam lutar contra ela. Pois bem, assim o fizeram, até Sócrates cair. Entretanto Passos foi para lá, e abracadabra, tudo mudou. Montes de merda!

E por falar em montes de merda, assino por baixo este post no Aventar. 


PS: mais uma vez desculpem o off topic, mas precisava de tirar isto do meu sistema. Os habituais do costume, que falam de tudo sem saber de nada podem aparecer a atirar as primeiras pedras. 

13 comentários:

Silas disse...

Isto é o que chamo de uma posta no sitio certo!

Utah disse...

Infelizmente para os políticos abriram guerra (há vários anos) com uma classe profissional que sabe pensar e agir. Daí essa embirração dos políticos miseráveis que temos no nosso país.

Filipe Araújo disse...

Há vários anos. Desde os tempos de Maria Lurdes Rodrigues que são atentados e atentados à escola pública. Alguns ainda vislumbram o que a escola pública está a perder, enquanto outros rejubilam com o "meter os professores no sítio", pouco lhes importando o caminho que a escola está a levar. E só não é pior, porque a grande maioria dos professores, dá o que tem e o que não tem para manter o mínimo de qualidade do seu trabalho.

Mas enfim. Badamerda para os políticos que não têm um discurso e um rumo político coerente e reto.

Anónimo disse...

I don´t give a shit!

Anónimo disse...

Badamerda para um povo que entrega, tudo o que o cola socialmente, sem pestanejar!

RMC

Rui Borges - Lx disse...

Mais o MAIOR monte de MERDA é o Mário do sindicato o Jerónimo do PCP e o Carlos do CGTP...que ainda não perceberam que o URSS já acabou, que o sistema de educação estalinista, leninista, NÂO MUITO OBRIGADO...a Revolução da do 25 de Novembro já vai fazer 40 anos (o de Abril a "estória" ainda vai ser contada...olha para os dois lados antes de escrever...monte de esterco.

Anónimo disse...

Vocês são é todos uns professores incompetentes e por isso têm medo da prova, se são assim tão competentes, deviam passar a prova de olhos fechados, mas a realidade é bem diferente...

VÃO TRABALHAR PANELEIROS!!!!

Filipe Araújo disse...

E de repente, os cromos e os ressabiados apareceram... Estava a demorar.

Quanto ao primeiro, agradecemos que conversas sindicalistas e anti-sindicalistas vão para outro lado. Não sou político, sindicalista ou coisa que lhe valha, e como tal, essa conversa apenas serve para encher chouriços.

Quanto ao segundo, nem merece resposta. Ou melhor, se os professores são assim tão maus, talvez deva dar aulas aos seus filhos em casa, de modo a não os expor a tamanha incompetência nas escolas. Quanto aos insultos gratuitos, ficam com quem os fazem.

João Silva disse...

Com todo o respeito Filipe, e sobre os temas do Benfica tenho muito pela opinião que é dada neste blog, creio que "quanto aos insultos gratuitos" o titulo do post no Aventar que foi subscrito diz tudo.
Não entendo como se pode "agredir" daquela forma companheiros de profissão só porque não fazem o que queríamos.

Sem querer passar por moralista não me parece a melhor forma de unir a classe. Mas vamos focar-nos na palavra: classe. Não é um pouco isso que os professores se estão a tornar? Que eu tenha memoria, são a única profissão, atrevo-me a dizer publica e privada, que controla toda sua constituição, todo o acesso é gerido pelos professores porque o que o ME decide é logo boicotado e impedido. De certeza que já notou na quantidade de providencias cautelares que foram enviadas antes desta prova e em outros momentos, e algumas são aceites. As greves ao exames nacionais (nem quero me alongar nesse ponto, o boicote foi eficaz como se viu). Corrija-me se estou enganado.

Não entendo como os professores continuam a ter um porta-voz que ano apos ano, sem dar uma única aula há anos, continua a ser avaliado com "Bom" só porque é sindicalizado. Tudo isto em nome da escola publica (??) ou deveríamos dizer dos professores públicos?
Onde eu queria chegar era aqui: Ano apos ano, os resultados dos exames são o que são, eu pergunto, onde estão os professores nessa altura? Não há responsabilidade na formação dos alunos? Eu vejo, ao invés, a responsabilização nas provas, ou no ME, ou nos avaliadores, enfim, às vezes nos alunos. Como é isto afinal? Eu gostaria de ver ao invés, um sindicato (Fenprof sobretudo) interessado em melhorar o acesso à profissão. Caramba, seremos todos assim arrogantes ao pensar que la porque temos um canudo somos alheios a qualquer prova? Ou será porque isso implicaria alguma restrição no acesso à profissão e os sindicatos ainda vivem (creio eu) com a ideia que lá porque não há alunos terá de haver sempre professores, e todos com direito a ensinar nem que seja em salas vazias? Porque não melhorar a prova como disse que tentou fazer, dar credibilidade. É que repare, explique-me como posso despedir um professor? do quadro claro. Por onde posso pegar? É ou não verdade que posso ser um professor péssimo, os meus alunos chumbarem todos os anos nos exames e mesmo assim ser equacionado para dar aulas?

Com os problemas dos outros posso eu, eu percebo isso, mas acha normal que todos nós privados se não fizermos bem o nosso trabalho vamos para a rua e com os professores (e outros funcionários públicos) isso é praticamente impossível? Uma avaliação anual? Que tal sermos avaliados todos os dias, como somos?
PS: percebo a frustração em relação à politica, a hipocrisia não tem limites e sou obrigado a concordar.

Com os melhores cumps.

Filipe Araújo disse...

Caro João.

Antes de mais, devo esclarecer algo que me parece influenciar o seu post: eu não tenho nada a ver com sindicatos, e pouco me interessa aquilo que acham de um sindicalista. Penso que o gostarem ou não de Mário Nogueira pouco tem a ver com o assunto em causa.

Quando aos "insultos gratuitos", os "insultos" feitos no post do aventar, e subscritos por mim, são por demais merecidos. Não estamos a falar de opiniões, mas sim de estar certo ou errado. E vigiar colegas, com quem muitos deram aulas, com quem muitos dialogaram sobre o ensino, com que muitos trabalharam em contexto de sala de aula, numa prova que de prova nada tem, é de grande baixeza e merece os nomes dados. Peço desculpa se isso o ofende, mas devem-se dar os nomes aos bois.

Quanto ao resto, nós professores estamos já habituados (infelizmente), a levar com a maioria das marretadas do governo, e com as ignorâncias da generalidade da população em relação ao que é o trabalho de um professor, ao que é o funcionamento das escolas, e ao que é a formação inicial. São muitas as falsidades transmitidas descaradamente pelo Ministério da Educação dos últimos anos, sem que haja um jornalista com conhecimento suficiente para fazer o contraditório.

A prova de "ingresso" é mais uma...

João Silva disse...

Obrigado Filipe pela resposta. Contudo muitas das perguntas ficaram por responder. O Filipe terá os motivos para o fazer e eu respeitá-los-ei como é obvio.

Confesso que sou influenciado, é normal, Mario Nogueira é o resto mais mediático quer se queira quer não (e eu não vejo ninguém a não querer).

Os insultos é como no futebol ganha quem se mantiver mais calado e cuide da sua casa. Desnecessários a meu ver. Repito, percebo a frustração mas há que respeitar todas as posições.

Dando uma de intelectual, "Quis custodiet quetos custodes" em resposta ao seu argumento sobre professores a vigiar professores. O que propõe, policias?
Vamos mudar de "classe" então, os médicos, quem os avalia, carpinteiros?
Só um professor pode avaliar um professor, e isto devia ser encarado como um sinal de respeito. Imagine que eu como ministro metia lá carteiros, o que seria dito?

Sobre o ultimo paragrafo, ganhei demasiado por si Filipe e pelo blog ao longo do tempo para levar demasiado a serio quando diz que os profs levam a maioria das marretadas do governo. Quer a minha profissão em troca? Quer a minha situação laboral em troca? Quer os meus impostos em troca? Quer os meus não aumentos de salario em troca? (Presumindo que foi aumentado em 2009, corrija-me mais uma vez).

Devemos olhar para baixo e compararmo-nos com o que está em baixo? claro que não, eu percebo que uma pessoa que antes conduzia um ferrari passe para um fiat fique chateado, mas acho que mais uma vez não se está a colocar em perspectiva o país que temos e a situação que estamos a passar TODOS.

Peço desculpa pela continuação do post. É um tema que me interessa e não consigo deixar de comentar. Agradeço portanto o "tempo". Cumps gloriosos.

Filipe Araújo disse...

Caro João.

Em relação à prova, é muito simples: ou se faz no final do curso ou se faz à entrada da carreira. Agora fazer uma prova a professores que já trabalharam para o Ministério da Educação vários anos, a quem foi dadas responsabilidades como docentes, diretores de turma, elementos de coordenações e grupos disciplinares, e muitas outras funções, apenas porque se lembraram de o fazer não está certo. Agora diga-me, está correto colocar em causa professores com anos de experiência? Por acaso vê mais alguma profissão onde a meio da sua vida profissional lhe digam que tem de fazer uma prova para ver se pode fazer o que tem feito nos últimos anos?

Já agora, quando fala em professores a avaliar professores é diferente de professores a vigiar professores a fazer uma prova feita por burocratas. Muito diferente.

Quanto à marretada, talvez não tenha percebido bem. Obviamente que não estava a falar de marretada nos rendimentos. Afinal, a maioria sofreu e sofre com isso. Estava a falar da marretada em termos de credibilidade e de valorização. Aí sim, a marretada nos últimos 10 anos é sobre a nossa classe. Não há outra que tenha sido tão atacada como a nossa. E isso também não é uma opinião, é um facto.


PS: Quanto aos professores e à avaliação, de que a prova não tem nada a ver, eu sou professor e não tarda nada ficarei no desemprego, como acontece todos os anos. É impossível ir para a rua? Para alguns talvez, mas não para todos.

Falou de perguntas sem resposta. Aqui vão:

"É que repare, explique-me como posso despedir um professor? do quadro claro. Por onde posso pegar?"
Existem várias condições em que isso acontece. Falta de lugar durante um determinado de tempo, várias faltas injustificadas, condutas impróprias, etc. Agora, o que não acontece é despedir apenas porque não se gosta de alguém, descobrindo alguma coisa onde pegar, como acontece em muitas situações no privado. Apenas porque acontece, não significa que esteja certo e se deva fazer no público, certo?

É ou não verdade que posso ser um professor péssimo, os meus alunos chumbarem todos os anos nos exames e mesmo assim ser equacionado para dar aulas?
Está a confundir duas coisas: um grande professor pode ter uma turma com quase todos os alunos negativos, e um péssimo professor pode ter uma turma só com positivas. A avaliação de um professor não pode ser feita dessa forma. Apenas alguém que está fora do contexto de uma escola e da sala de aula é que não consegue entender isso. O trabalho de um professor está muito dependente de quem tem à sua frente, da sua qualidade, dos seus encarregados de educação, das suas motivações, do trabalho, ou falta dele, realizado em casa. Há turmas que, por mais que façamos, nada sai delas. E um excelente professor que esteja nessa situação deve ser despedido? Isto não é uma empresa onde 1 + 1 são 2.

Espero ter esclarecido melhor os meus pontos de vista.

Cumprimentos

Filipe Araújo disse...

Esqueci-me de referir uma coisa que já tinha mencionado num comentário acima, mas que talvez não tenha entendido bem. Esta prova não é para entrar na carreira. Nenhum dos professores que a tenha feito e que tenha nota positiva, ou qualquer nota que seja, entra para a carreira docente. É apenas uma prova eliminatória da profissão.